terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Turpilóquios

Turpilóquios – uma rubrica sobre língua portuguesa para disfrutar.

by Alexandre Henriques

Ficam mais um exemplos numa rubrica que agora passa a semanal.
turpilóquios
Tens de seguir a tua medicação ou a tua medicamentação?
A forma mais corrente é “medicação”, mas “medicamentação” existe e está igualmente certa.

É preciso fazer os trabalhos de casa. Tu fazes os TPC. Eu fiz os TPC.
É preciso fazê-los, tu fá-los, eu fi-los.
Quando a forma verbal termina em r, s ou z, a pronominação faz-se com -lo, -la, -los, -las.
(Por vezes ouvem-se palavras estranhas em tuguês arcaico: é preciso fazeresos, tu fázios, eu fízios. Essas formas devem ser rapidamente exterminadas por perigo de contágio.)

A queda iminente do edifício mais eminente da rua.
 A palavra iminente significa o que está quase a acontecer, o que está muito próximo no tempo. A palavra eminente significa o que é mais alto, o que sobressai, o que é excelente ou muito importante. Por exemplo, a forma de tratamento de um cardeal é “Sua Eminência”.

Dessa maneira hades ter muitos amigos, não aja dúvida!
Esta frase é uma promoção (do tipo dois por um) do erro ortográfico. O verbo Haver é dos mais vilipendiados no uso da língua portuguesa. A forma correta seria “tu hás de”, no presente do indicativo, sem hífen desde o AO, e “não haja dúvida” no presente do conjuntivo, terceira pessoa do singular.

Prontos, ‘tamos feitos!
A palavra “pronto” funciona como adjetivo se acompanha um nome. Repare-se na frase: Os bolos de chocolate estão prontos. Quando se usa isoladamente, a forma correta é “pronto”, no singular, e funciona como um advérbio semelhante a “agora” (estamos feitos), ou como uma locução do género “em conclusão” (estávamos perdidos).


“Diz-se muita tolice. Se não se dissesse tanta, seria melhor, mas menos divertido.”
Surgem frequentemente confusões, apesar da diferença na oralidade. O truque mais simples é passar para a polaridade negativa: «não se diz» e «se não se dissesse». Desfaz-se assim a dúvida entre o presente do indicativo e o pretérito imperfeito do conjuntivo.

http://www.comregras.com/turpiloquios
-uma-rubrica-sobre-lingua-portuguesa-para-disfrutar_2/




domingo, 7 de fevereiro de 2016

Há livros que nos podem fazer mal?

Este artigo, encontrado no Publico on-line, https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/ha-livros-que-nos-podem-fazer-mal-1722455, destina-se mais às profs, embora não se proíba ninguém de o ler.

Fica um excerto:
"[...] do ponto de vista clínico, estes livros nunca são perigosos. [..] Impedir os livros da grande literatura, desde a infância, é infantilizar. A infantilização traz um grande perigo: o de haver outra vez sociedades concentracionárias e com um poder vertical.”
A literatura “ajuda a construir a identidade. É fundamental. [..]Todos os livros canónicos são uma preparação para a vida. E, se pudermos, ler os clássicos das várias culturas. Porque somos isso tudo.”