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Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
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E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
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De mãos é cada flor, cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Este poema de Manuel Alegre simboliza a esperança pela Liberdade e foi cantado por Adriano Correia de Oliveira.
Análise estilística
- Antítese: ”se faz, se desfaz. a paz, a guerra” (realça o poder quer para o bem quer para o mal das mãos)
- Comparação: ”E cravam-se no tempo como farpas.”
- Anáfora: ”Com mãos…; Com mãos…; Com mãos…; Com mãos….” (anuncia a enumeração de poderes das mãos)
- Metáfora: ”Ninguém pode vencer estas espadas” (como uma arma, espada, as mãos podem ser usadas para alcançarmos a liberdade)
- Aliteração: ”vão no vento: verdes” (escolha do verde, esperança, e de um efeito sonoro, o V, para mostrar como esse poder pode ser espalhado por todo o mundo)