Da família dos piratas
só gosto mesmo é da nata,
dos que são a sério maus
como uns pássaros bisnaus.
Dos que dão berros medonhos
tudo menos enfadonhos,
dos que cospem no convés
e nunca lavam os pés.
Dos que têm pala num olho
e no outro um treçolho,
dos que usam lenços atados
nas cabeças desgrenhadas.
Dos que têm perna de pau
e gancheta invés de mão,
dos que bebem em jejum
meia garrafa de rum.
(...)
Dos que jogam futebol
com as balas de canhão,
dos que riem p´rá caveira
estampada na bandeira.
(...)
Dos que põem sobre a prancha
Inimigos p´ra despacho,
dão a ordem: « Segue em frente!»
e os empurram de repente.
Dos que um dia vão ao mar
E a fugir, sempre a nadar,
deixam para o tubarão
a velha perna de pau.
Dos que andam pelos mares
em busca de ilhas, palmares,
onde se encontre enterrado
um tesouro imaginado.
E eu que sou tão bonzinho,
tão cordato e educadinho
que me faz simpatizar
com gente tão invulgar?
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