EVOLUÇÃO
DA LÍNGUA
Indica os fenómenos fonéticos sofridos
na evolução para o português das palavras que se seguem:
dizede › dizee › dizei
stilum › estilo
octum › octo › oito
multo › muito
mensa › mesa
nudum › nudu › nuu › nu
manu › mau › mão
stella › estella › estrela
rotundum › rotundo › rodondo › redondo
formosa › fermosa
stare › estar
pluviam › pluvia › chuvia › chuva
inamorare › namorare › namorar
fata › fada
oculum › oculu › oclu › olho
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Auto da Barca do Inferno, sistematização
Título:
A obra intitula-se Auto da Barca do Inferno, porque a maioria das personagens embarca na Barca do Diabo.
Classificação da obra:
Este texto dramático é um auto de moralidade, porque revela os vícios, os defeitos e os costumes da época de Quinhentos, criticando-os de modo a moralizar a sociedade.
Assunto:
O Auto apresenta a dualidade BEM/MAL, simbolizada pelas personagens alegóricas, Anjo e Diabo, as quais se encontram na respetiva BARCA, atracada ao CAIS. Aqui surgem várias ALMAS, que, através do diálogo com o Anjo e/ou o Diabo, expõem a sua vida, carregada de vícios, o que as leva à condenação.
Simbologia do cenário:
· Cais – representa o tribunal no qual somos julgados segundo o nosso comportamento enquanto vivos;
· Barcas – simbolizam a partida para o outro mundo;
· Rio – simboliza a divisão e a transição entre este mundo e o outro.
Personagens:
Anjo / Diabo
Semelhanças
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Diferenças
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· São personagens alegóricas;
· Nenhum deles tenta recuperar as personagens que entram em cena;
· Ambos avaliam o tipo de vida das personagens, realçando os aspetos negativos (na generalidade);
· Ambos têm uma única função:
Condenar (Diabo) ou salvar (Anjo).
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· Diabo: espera um grande número de passageiros, por isso enfeita a barca – “Põe bandeiras, que é festa!”;
· Anjo: confiante de que não terá muita gente – “…veremos se vem alguém/ merecedor de tal bem (…);
· Diabo: linguagem sarcástica, irónica, zombeteira, crítica, agressiva e, por vezes, chocante;
· Anjo: sóbrio na linguagem e nos gestos;
· Diabo: lembra às personagens que o destino já se encontra traçado, referindo os seus vícios;
· Anjo: o julgamento é definitivo.
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Personagens-tipo:
Semelhanças
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Diferenças
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· Grande apego aos bens materiais e ao seu tipo de vida (exceções: Parvo e Cavaleiros);
· Não existe um arrependimento real, embora, por vezes, haja uma tomada de consciência do erro;
· Visão deturpada da religião;
· Fazem-se acompanhar de símbolos cénicos (exceção: Parvo)
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· Percurso cénico;
· Representatividade dos símbolos.
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Relações entre as personagens:
· Joane / Diabo: a ingenuidade do Parvo estanca a veia satírica e paralisa a agressividade do Diabo.
· Joane / Anjo: o Parvo tem uma atitude de humildade e simplicidade.
· Alcoviteira / Diabo: trata-o com rispidez e secura, pois acredita que não vai para o Inferno.
· Diabo / Alcoviteira: é irónico.
· Alcoviteira / Anjo: tenta seduzir o Anjo, utilizando uma linguagem bajuladora.
· Anjo / Alcoviteira: trata-a rudemente, menosprezando-a. Tem ainda uma atitude de indiferença.
· Alcoviteira /Corregedor: recebe-o mal, porque, em vida, a mandara açoitar.
· Cavaleiros / Diabo: o segundo fica surpreendido com a segurança dos cruzados. Por sua vez, estes reagem com arrogância à interpelação do Diabo, achando-a ousada.
Tempo:
Situando-se num plano extraterreno, a ação não apresenta uma evolução cronológica.
Crítica:
Nesta peça, Gil Vicente denuncia os vícios da sociedade portuguesa quinhentista, segundo o lema latino ridendo castigat mores, isto é, a rir se corrigem os costumes. Assim, são criticados:
· A falsa prática religiosa;
· A corrupção da justiça;
· O judaísmo;
· A exploração;
· A tirania;
· A ganância;
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· A vaidade;
· O desregramento sexual;
· A ostentação;
· O desprezo pelos humildes;
· A ignorância e a credulidade;
· A frivolidade.
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Incongruências da peça:
· Florença não fala durante a cena, nem é julgada; contudo, entra na barca do inferno;
· O Parvo, apesar de ser inculto, fala latim macarrónico.
Estrutura externa:
Os textos dramáticos organizam-se, habitualmente, em atos que contêm diversas cenas. Tal não acontece no Auto da Barca do Inferno, embora não seja difícil dividir em cenas esta peça de Gil Vicente. Assim, temos as seguintes cenas:
· Introdutória: diálogo entre o Diabo e o Companheiro (cena curta);
· Fidalgo (cena longa);
· Onzeneiro (cena curta);
· Sapateiro (cena curta);
· Frade (cena longa);
· Frade (cena longa);
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· Alcoviteira (cena curta);
· Judeu (cena curta);
· Corregedor e Procurador (cena longa);
· Enforcado (cena curta);
· Cavaleiros (cena curta).
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A estrutura repetitiva da peça é quebrada por:
· Cenas longas intercaladas com cenas curtas;
· Introdução de irregularidades e assimetrias: cantos do Diabo e do Frade a dançar, aparelhamento da Barca do Inferno, ordens dadas pelo Diabo e pelo Companheiro.
A peça é constituída por oitavas, com versos em redondilha maior, seguindo o esquema rimático abbaacca.
Estrutura interna:
Cada cena, exceto a inicial, apresenta as três partes clássicas:
· Exposição: breve e apresentação da personagem;
· Coflito: interrogatório feito pelo Diabo e pelo Anjo;
· Desenlace: atribuição da sentença.
O CóMico:
Cómico de caráter:
· A loucura de Joane e a inconsciência dos seus atos e das suas palavras.
· Um frade dançarino e enamorado (desajuste entre o que a personagem deveria ser e a realidade).
Cómico de linguagem:
· Uso do calão;
· Frases desconexas proferidas por Joane;
· As respostas absurdas de Joane;
· Ironia;
· Latim macarrónico;
· Falas de Brísida Vaz.
Cómico de situação:
· O Fidalgo que entra em cena presunçoso e seguro da sua salvação;
· Surpresa do Onzeneiro ao ver o Fidalgo na Barca do Inferno;
· Um frade que canta, dança e se faz acompanhar de uma moça;
· Lição de esgrima que o Frade dá ao Diabo;
· Encontro do Corregedor com Brísida Vaz na Barca do Inferno.
Linguagem:
A linguagem apresenta-se como um meio caracterizador das personagens, dos estatutos, das profissões, dos vícios, dos destinos, etc. Assim, Joane utiliza uma linguagem indecorosa, injuriosa, rude e agressiva; a do Sapateiro é desbragada e rude, registando-se a presença de tecnicismos, gíria profissional (“badana”, “cordovão”, etc.); o interesse que o Frade demonstra pela esgrima está patente nos termos técnicos a que recorre com frequência; a Alcoviteira apresenta uma linguagem ambígua e deturpada, invertendo o sentido das palavras que se encontram nos textos religiosos; o judeu recorre ao calão; o Corregedor usa o latim.
A linguagem transmite ainda o tom irónico e zombeteiro do Diabo, contrapondo-o ao ar calmo e austero do Anjo.
Como recursos estilísticos, há que realçar a ironia, o eufemismo e o recurso a trocadilhos.
Aspetos Medievais
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Aspetos Renascentistas
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· Inexistência de uma divisão externa (atos e cenas) da peça;
· Uso da redondilha maior;
· Conceção religiosa da vida humana (ideia do Juízo Final).
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· Existência de uma exposição, de um conflito e de um desenlace;
· Dimensão crítica da peça.
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Auto da Barca do Inferno
Gil Vicente compôs o Auto da Barca do Inferno em 1517, sendo este auto considerado uma moralidade. As moralidades eram representações cujas personagens simbólicas encarnavam vícios ou virtudes com o objetivo de moralizar a sociedade.
Este auto não segue a divisão da estrutura externa em atos e cenas, comum ao texto dramático. Embora o autor não tenha procedido a esta divisão, pode considerar-se que a peça se desenrola num só ato, uma vez que não há qualquer mudança de cenário e que é composta por onze cenas, correspondendo cada cena a uma nova entrada de personagens.
1ªcena – Faz-se a apresentação da barca do Inferno. O Diabo dialoga com o seu companheiro, revelando uma grande euforia e pressa de que tudo esteja preparado para o embarque das almas e para a partida rumo ao Inferno. Após esta breve apresentação, inicia-se o desfile das várias personagens-tipo.
3ª cena – A segunda personagem é um Onzeneiro, que viveu a amealhar dinheiro à custa dos outros. Por isso entra com uma bolsa tão grande que quase não cabe na barca. O Diabo quer que ele entre desde logo na sua barca, mas o Onzeneiro dirige-se primeiro à barca da Glória, sendo também repelido pelo Anjo. No entretanto, pede ao Diabo que o deixe voltar à terra para ir buscar um dinheiro que deixou escondido, mas o Diabo obriga-o a embarcar.
4ª cena – A terceira personagem a entrar é o Parvo, chamado Joane, que conversa com o Diabo, insultando-se um ao outro. Por ser uma personagem que não se pode responsabilizar pelos seus atos, o Anjo promete levá-la para o Paraíso; entretanto fica no cais onde assiste e comenta o desfile das outras personagens.
5ª cena – A quarta personagem é um Sapateiro, João Antão, que vem carregado de formas. Como passou a vida a roubar o povo, é condenado à barca do Inferno, mas primeiro ainda tenta a sorte junto do Anjo. De nada lhe adianta e entra na barca do Inferno.
7ª cena – Brísida Vaz é a sexta personagem a entrar em cena. Traz consigo um grupo de moças que entregou à prostitução. No entanto, e porque também é Alcoviteira, ainda se acha digna de entrar no Céu. Como tal não é possível, entra na barca do Inferno, e as suas moças abandonam a cena.
9ª cena – Entra um Corregedor, que vem carregado de processos. O Diabo acusa-o de se ter deixado subornar várias vezes. Entretanto, entra em cena um Procurador carregado de livros e que também se dirige ao Diabo. Ambos, Corregedor e Procurador, procuram um lugar na barca da Glória, mas acabam por entrar na do Inferno. O Corregedor discute com Brísida Vaz, pois tinha-a condenado.
O resumo que se segue das várias cenas pode ajudar-te a compreender melhor o auto. Tu próprio deves ler cada cena e fazer um apanhado das ideias principais.
2ª cena – A primeira personagem a entrar em cena é um Fidalgo, que traz consigo um pajem, um criado, que lhe segura a cauda do manto e uma cadeira. O Fidalgo pertence à nobreza e, por isso, acha que não vai para o Inferno, mas o Anjo não o deixa entrar na barca da Glória pelos seus pecados. O Fidalgo acaba por embarcar na barca do Inferno, enquanto o moço sai de cena.
4ª cena – A terceira personagem a entrar é o Parvo, chamado Joane, que conversa com o Diabo, insultando-se um ao outro. Por ser uma personagem que não se pode responsabilizar pelos seus atos, o Anjo promete levá-la para o Paraíso; entretanto fica no cais onde assiste e comenta o desfile das outras personagens.
6ª cena – Entra a quinta personagem, um Frade, a cantar, que traz pela mão uma moça, Florença, e ainda um traje de esgrimista por baixo do hábito. Como viveu uma vida de pecado, o Diabo também o convida a entrar na barca, mas ele e Florença dirigem-se ao Anjo, que os rejeita. Entram os dois na barca do Inferno.
8ª cena – A sétima personagem a desfilar é um Judeu que traz um bode às costas. Nem sequer dialoga com o Anjo, pois não acredita na reliogião cristã. Também não entra na barque do Inferno, pois o Diabo decide que ele e o bode irão a reboque, já que era hábito os judeus estarem separados das outras pessoas.
10ª cena – Surge um Enforcado, que ainda traz a corda ao pescoço, convencido que poderia entrar na barca da Glória. Acaba por entrar também na barca do Inferno.
11ª cena – Finalmente, surgem Quatro Cavaleiros, que morreram a lutar pela Fé – razão bastante para ingressarem na barca da Glória.
Carta de Reclamação
A carta de reclamação é um instrumento de que dispomos sempre que, considerando sermos vítimas ou testemunhas de uma injustiça, não está ao nosso alcance qualquer outro meio que nos permita tomar posição ou exigir reclamação.
Para que a carta de reclamação seja eficaz deve:
· ser dirigida ao destinatário conveniente;
· basear a sua fundamentação em factos comprovadamente verdadeiros;
· apresentar uma linguagem clara, breve e concisa;
· utilizar um registo cuidado e uma forma de tratamento adequado, evitando qualquer indelicadeza ou tom ofensivo.
Deve apresentar a seguinte estrutura:
ü fórmula de saudação;
ü exposição do assunto;
ü fundamentação dos direitos do(s) reclamante(s);
ü pedido de reparação ou de compensação;
ü fórmula de despedida.
O caldo de pedra
Contos tradicionais portugueses
Até há cerca de um século os contos tradicionais só existiam na memória das pessoas e eram transmitidos oralmente, de pais para filhos.
Hoje existem várias recolhas, escritas, datando a primeira de 1879, feita por Adolfo Coelho como, por exemplo, O caldo de pedra.
Conto – características fundamentais
Conto infantil - Forma de conto literário cujo principal alvo são as crianças. Não se confunde com a historiazinha de improviso.
Ex.: Dentes de Rato, de A. Bessa Luís
Conto tradicional - Escrito por um colecionador de histórias a partir de uma versão oral. Tem elementos de magia e do fantástico.
Ex.: A Bela Adormecida, recolhida por Charles Perrault, em 1697
Conto Literário – Escrito por um autor, com características estilísticas específicas.
Ex.: A Estrela, de Vergílio Ferreira.
Conto popular - Conto transmitido de geração em geração, que assume uma escrita muito semelhante à forma oral.
Ex.: O Caldo de Pedra.
Policial - Conto que evidencia o fantástico e o terrífico, deixando o leitor em suspense desde a enunciação de um crime até ao desfecho, no final da narrativa.
Ex.: Na boca do Lobo, de Edgar Wallace.
Lenda é uma narrativa fantasiosa transmitida pela tradição oral através dos tempos.
De carácter fantástico ou fictício, as lendas combinam factos reais e históricos com factos irreais que são meramente produto da imaginação humana.
Ex.:Lenda da Lagoa das Sete Cidades
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